20.1.10

gangorra


e do outro lado, sempre alguém mais leve. olhando de cima, com as mãos na barra. sorriso no rosto. e você do lado oposto. afundado. sapatos sujos de terra. joelhos arranhados no chão. embaixo. sempre descido na outra extremidade do brinquedo. querendo saber o que carrega de tão pesado assim por dentro.

11.1.10

carícia


azar. o arame farpado sempre esteve debaixo da minha pele. no mesmo lugar. há os que nunca descobrem e vão embora. mas há os que, na falta de sorte, se cortam cedo. rasgam o dedo na primeira carícia.


5.1.10

pedra


minha água calma, refletindo os dias como fotografias. parada na monotonia do tempo. rio sem movimento. morta, até sua pedra. sua brincadeira inocente de criança medindo a força que tem. pedaço de nada atirado de longe. lasca de rocha, transformando o sossego em caos. criando ondas aparentemente inofensivas mas, metros depois, capazes de engolir a areia. sumir com a praia. quebrar os muros. interditar as ruas como ressaca. marolas alimentadas a ponto de inundar a cidade. destruir o que estava firme. arrebentar as bases do que parecia inatingível. minha água parada, como espelho de um céu calmo, até sua pedra jogada. sua brincadeira de menino que não sabe a força que tem.