18.2.05

buraco


assim, agachado no canto, posso ver melhor o quarto. encostado nesse encontro de duas paredes, posso vê-lo inteiro. há dias o sol não bate aqui dentro. tenta entrar pelas frestas da janela, mas não deixo. fecho as cortinas na cara dele. atrevido, o sol. as paredes só devem ser pintadas pelo novo dono. quando a casa estiver abandonada de uma vez. por enquanto, vão permanecer com essas marcas. com os rastros dos meus arranhões pelo concreto, na horizontal. não há mais espaço para eles. ainda há tinta debaixo das minhas unhas. daqui a pouco, cimento e terra. começo a cavar o buraco neste canto hoje. ainda não sei onde vou chegar. mas eu só preciso fugir daqui.