20.4.11

vermelho amargo


«dói. dói muito. dói pelo corpo inteiro. principia nas unhas, passa pelos cabelos, contagia os ossos, penaliza a memória e se estende pela altura da pele. nada fica sem dor. também os olhos, que só armazenam as imagens do que já fora, doem. a dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros futuros. não se chora pelo amanhã. só se salga a carne morta.»


[bartolomeu campos de queirós]